segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

As mídias sociais e o seu papel no Egito

Nos últimos dias, o Egito vem passando por um conturbado momento político, na chamada “Revolução do Nilo”, na qual manifestantes pedem o fim do governo de Hosni Mubarak, 82, que governa o país há 30 anos. Os protestos ocorrem desde o dia 25 de janeiro desse ano e levaram a morte dezenas de pessoas e a agressões de diversos jornalistas, fotógrafos e civis.

Durante todo esse período o presidente egípcio tomou medidas, como toque de recolher, bloqueio de acesso a internet e a telefonia buscando conter os protestos. Falando das mídias sociais nesse contexto, onde ela se encaixa? Vários manifestantes usaram principalmente o Twitter e o Facebook para convocar simpatizantes a participar da “Revolução do Nilo” e protestar contra o atual presidente para que este renuncie ao poder. A convocação deu certo, muitas pessoas foram para as ruas e o mais importante, ganhou dimensão internacional com várias pessoas emitindo opiniões contra o regime de Mubarak, a imprensa cobrindo os protestos e o ditador sendo pressionado.

Vendo que a força da Internet estava muito grande, o presidente resolveu tirar todo o acesso dessa importante ferramenta das pessoas, mais uma atitude autoritária de seu governo. Mais que isso, ele também bloqueou o sistema de telefonia impedindo também que as pessoas enviassem SMS para organizar melhor os protestos, além de ser mais uma ação para os indivíduos não terem acesso às informações.

Porém, contudo, todavia, as pressões internas e externas foram tantas, que Mubarak se viu obrigado a deixar o Partido Nacional Democrata (do governo) e isso foi entendido como sinal de que ele não irá disputar o cargo nas eleições presidenciais, que ocorrerá no 2º semestre.

Voltando as mídias sociais, o que eu entendo é um papel essencial dela nessa história toda porque aproximou ainda mais as pessoas que visam um país mais democrático onde elas tenham liberdade de expressão e sejam livres. A ferramenta também permitiu que o ato tomasse uma dimensão internacional e apesar de ter sido restringido o acesso à internet e telefonia, a atitude foi tarde demais porque nas redes sociais as coisas fluem em uma velocidade rápida demais e alcança proporções enormes também.

Também vejo uma evolução no aspecto dessas manifestações e acredito que agora ficou mais fácil. Porque antigamente quem organizava os protestos eram os partidos políticos conjuntamente com grupos sociais ou similares. Hoje, eles continuam se organizando, mas os civis também podem fazer o mesmo sem precisarem se encontrar em algum lugar antes é só marcar o ponto de encontro pelo Facebook, Twitter, SMS e fazer seu ato.

Então, nesse processo todo a Internet teve um papel fundamental para que o presidente egípcio finalmente montasse uma equipe de governo e, inclusive, indicasse que não participaria das eleições presidenciais desse ano, mostrando a força das mídias sociais e das pessoas que buscam mudar seu país para a melhor. Penso até que daqui a uns anos, quem sabe, meus filhos, sobrinhos ou netos não estudem na escola sobre esse fato, assim como eu estudei sobre a Revolução Russa, Revolução de 32 e Inconfidência Mineira. Seria a Revolução Digital!

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